domingo, 15 de novembro de 2015

A MINHA LUTA - VOL 1 - A MORTE DO PAI

De Karl Ove Knausgård
"Min kamp" 
Noruega, 2009. 
Edição Portuguesa da Relógio D'Água (2014)

































 




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1 comentário :

  1. Comecei a ler este livro ainda nas férias, em Setembro. Na versão para Kindle, em Português do Brasil, para ser exacto. Que agora, terminei a conta gotas diárias antes de me afundar no sono.
    Mesmo na edição electrónica, sente-se o peso do calhamaço, quase 400 páginas, em grande parte alicerçado num registo autobiográfico, sem fio condutor óbvio, apenas resultando de uma deriva da memória em que as minudências quotidianas, a que geralmente os escritores não recorrem, talvez pela sua impopularidade entre os leitores, adquirem uma inesperada energia narrativa.
    Poder-se-á perguntar a que leitor interessa uma descrição exaustiva do acto de fazer um chá ou a inventariação dos ínfimos e muitas vezes desagradáveis pormenores de uma jornada de limpeza doméstica ?
    Aliás o livro parte de uma premissa de investigação pessoal, de auto-análise, que evoca muitas vezes um ambiente policial, como se o autor-narrador pretendesse desvendar um crime. As memórias evocadas ao acaso ou concatenadas em outras memórias e os ínfimos pormenores com que são relatadas, despertam igualmente reflexões pessoais, muitas vezes no campo filosófico, da história da arte ou da música, cuja pertinência sai reforçada pela clareza do contexto, como se não fosse preciso abrir as janelas para descrever em pormenor as coisas que habitam na obscuridade de um quarto e a luz que irrompe de uma janela que se abre apenas confirme o que se vê.
    Quanto à secundarização do estilo e da forma da narrativa face ao seu ritmo e conteúdo, é uma discussão interessante mas eu discordo no essencial e é aqui que o livro falha e muito. Tanto pormenor e profundidade carece das palavras e das construções gramaticais certas para que a agudeza e a argúcia se transformem em sensibilidade e arte. A repetição de frases insalubres ou chocas como "Algumas nuvens exibiam um brilho avermelhado, como se tivessem sua própria fonte de energia, pois o sol se escondera.", denotam alguma "preguiça" ou incapacidade de Knausgard para perceber o íntimo dos acontecimentos e fenómenos. Demasiado banal por vezes. Falta muito para ser aquele escritor capaz de começar a literatura do século XXI como o Expresso se atreveu a vaticinar.

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