1. "Grandes autores podem ser também tolos colossais." É assim que o TNYT, abre a sua crítica deste filme. Eu concordo. Sempre me baralhou como um escritor brilhante e sensível como Knut Hamsun, autor de portentos de humanidade como "Fome" e "Frutos da terra", possa ter embarcado numa aventura tão desumana e tenebrosa como a sua pública militância nazi. Em abono da verdade, não foi o único intelectual de craveira, que assinou de cruz e colaborou na loucura nazi. Ainda assim, no meio do conveniente maniqueísmo que se inculcou na boa consciência do pós-guerra, e desafiando os tabús que se foram tornando oficiais, ressaltam algumas análises que procuram realçar o todo e não as partes. Este filme, não pretende reabilitar ou desculpar Hamsun, mas dá-lhe voz, imagem, corpo. Tenta mostrar o homem "completo", tarefa hercúlea para qualquer forma de arte, e que por isso boa parte desse trabalho derive da nossa leitura do filme, que nos é entregue, tornado "nosso" a partir do momento em que o vemos.
2. Jan Troell é um grande cineasta sueco, felizmente ainda vivo. Os seus filmes sobressaem pelos temas, em geral de época ou documentais e a sua esmerada cinematografia. Neste Hamsun não fugiu à regra. O Hamsun de Max Von Sydow é um portento de composição e representação, no plano específico do personagem em estudo, mas também do envelhecimento físico e espiritual e da incapacidade. Curioso que neste filme o actor sueco (Von Sydow) fala sueco, a actriz dinamarquesa (a excelente Ghita Norby) fale dinamarquês, os filhos do casal e muitos outros personagens, falem norueguês e em muitas partes se fale o alemão e até o inglês. E tudo com incrível naturalidade, neste contexto particular de redefinição da identidade da "sopa Europeia". Em suma: Um grande filme, não só na sua duração (mais de 2 horas e meia). Um documento. Um serviço do cinema.
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ResponderEliminar"Grandes autores podem ser também tolos colossais." É assim que o TNYT, abre a sua crítica deste filme. Eu concordo. Sempre me baralhou como um escritor brilhante e sensível como Knut Hamsun, autor de portentos de humanidade como "Fome" e "Frutos da terra", possa ter embarcado numa aventura tão desumana e tenebrosa como a sua pública militância nazi. Em abono da verdade, não foi o único intelectual de craveira, que assinou de cruz e colaborou na loucura nazi. Ainda assim, no meio do conveniente maniqueísmo que se inculcou na boa consciência do pós-guerra, e desafiando os tabús que se foram tornando oficiais, ressaltam algumas análises que procuram realçar o todo e não as partes. Este filme, não pretende reabilitar ou desculpar Hamsun, mas dá-lhe voz, imagem, corpo. Tenta mostrar o homem "completo", tarefa hercúlea para qualquer forma de arte, e que por isso boa parte desse trabalho derive da nossa leitura do filme, que nos é entregue, tornado "nosso" a partir do momento em que o vemos.
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ResponderEliminarJan Troell é um grande cineasta sueco, felizmente ainda vivo. Os seus filmes sobressaem pelos temas, em geral de época ou documentais e a sua esmerada cinematografia. Neste Hamsun não fugiu à regra.
O Hamsun de Max Von Sydow é um portento de composição e representação, no plano específico do personagem em estudo, mas também do envelhecimento físico e espiritual e da incapacidade.
Curioso que neste filme o actor sueco (Von Sydow) fala sueco, a actriz dinamarquesa (a excelente Ghita Norby) fale dinamarquês, os filhos do casal e muitos outros personagens, falem norueguês e em muitas partes se fale o alemão e até o inglês. E tudo com incrível naturalidade, neste contexto particular de redefinição da identidade da "sopa Europeia".
Em suma:
Um grande filme, não só na sua duração (mais de 2 horas e meia). Um documento. Um serviço do cinema.