Quem gosta de cinema, tende a olhar a televisão de lado. Mas com a sua omnipresença e omnipotência, aliadas à tecnologia actual, já nem de esguelha lhe escapamos.
Mesmo separando as águas, as séries de TV são susceptíveis de atrair os amantes de cinema. Os sopranos, The wire, Deadwood, Breaking bad, Boardwalk empire, e House of cards, são exemplos de séries com algum interesse e bem feitas, mas quase todas obedecem à lógica demasiado explícita do “espectáculo" e entretenimento televisivo, em que vale tudo para captar e prender os espectadores, incluindo prolongarem-se em intermináveis ”temporadas”.
É por isso que só acabei as mais “curtas” ou as mais “intensas” como The Wire, Deadwood ou Breaking bad.
Infelizmente a maioria serve apenas para distrair o pagode com as suas convensões e clichés narrativos e visuais. Do mais infantilista (Game of Thrones) ao mais bizarro (Walking Dead, Supernatural). As temáticas sociais e realistas ainda são as mais interessantes e tratando-se de mini-séries como Mildred Pierce os artificialismos comerciais, são menos evidentes.
Nos últimos tempos, tenho visto alguns
episódios de uma série - Longmire (2012-....) - que ainda não passou em Portugal, mas que já vai na 4ª temporada. Aliás, estes atrasos são habituais e tão ridículos nestes tempos de globalização, um verdadeiro estímulo à pirataria, enfim um problema que espero o Netflix venha resolver.
Longmire baseia-se em grande parte nas novelas de Craig
Johnson, sobre a vida de Longmire, sheriff de uma cidade fictícia do
Estado do Wyoming (Absaroka County).
O que me atraiu ?
Em primeiro lugar a influência da publicidade "visual" que vai inundando a net geralmente muito apelativa e quase sempre irresistível. Depois, a descrição da série: um agente da lei, recentemente viúvo, complexo, vivendo com os seus demónios interiores e cujo melhor amigo é um índio. A acção desenrola-se no cenário belíssimo e majestoso da América rural, neste caso, não no Wyoming como se esperaria mas sim no Novo México onde foi gravado.
Infelizmente o conteúdo não tem correspondido ao "embrulho" e as expectativas têm sido reiteradamente defraudadas. Para isso, contribui uma estrutura narrativa que privilegia os casos policiais individuais - um por episódio - e não como eu esperava, um "plot" construído progressivamente que se vai tornando complexo, ao estilo do Breaking Bad ou do The Wire.
Nada de novo aqui. Tudo já visto ad nauseam em todas as séries policiais do género CSI e quejandos.
Desilusões, quem as não tem...